quinta-feira, 25 de junho de 2015

O problema da não adesão ao tratamento de pacientes hipertensos no Brasil

‘’O reconhecimento da magnitude da queda da mortalidade pelo AVC, atribuída à adesão ao tratamento e controle da HA (hipertensão arterial) em outros países é importante para o Brasil, pelo excesso de casos que ocorre em idades economicamente produtivas na população. O Brasil está entre a minoria de países cuja primeira causa de morte é o AVC e não a DAC 19.Hospitalização pela HA e por suas complicações em 2004 e a mortalidade proporcional pelas mesmas causas em 2003, ilustram parcialmente as repercussões da não-adesão ao tratamento da HA. O impacto social negativo é percebido nas tabelas pelas elevadas proporções de casos em idades economicamente produtivas (20 a 64 anos). Não adesão, tratamento inadequado, diagnóstico de HA desconhecido e falta de acesso à assistência ou ao tratamento são as mais prováveis explicações. As informações sobre morbidade excluem pessoas assistidas pelos planos ou seguros de saúde e pela medicina privada, mas, os dados de óbito não discriminam classe social nem tipo de assistência médica precedente. ’’

O texto acima ilustra o problema da não adesão ao tratamento ou a adesão de forma incorreta em pacientes hipertensos. Erros desse tipo ao longo do tratamento representam complicações e óbitos, em alguns casos.  Sendo assim, se faz necessário que haja o conhecimento da importância da adesão ao tratamento, seguir corretamente as recomendações salva vidas.

Artigo - Impacto social da não-adesão ao tratamento da hipertensão arterial No compliance to hypertension treatment – social and economic impact
 Ínes Lessa1

Rev Bras Hipertens vol.13(1): 39-46, 2006.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Tuberculose: Porque os pacientes abandonam o tratamento ?

A tuberculose (TB) é um problema global de saúde pública que está intimamente ligado às condições de miséria - como desnutrição, superpopulação, moradia insalubre - e ao cuidado inadequado de saúde. Como consequência, nas regiões onde domina essa situação, a mortalidade e a morbidade por TB continuam a crescer.Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis cuja transmissão se faz por via aérea, de um indivÌduo doente a um sadio.

Quanto ao tratamento, desde o início da década de 60, quando da conquista da potente quimioterapia, vem ocorrendo uma padronização de esquemas terapêuticos amplamente utilizados na rotina dos programas de controle, São regimes de tratamento diário ou intermitente, por longos períodos, que podem variar de 6 meses a 1 ano ou mais.No Brasil, a problemática do tratamento da tuberculose está na alta taxa de abandono que, em algumas capitais, pode atingir, em média, 25% dos pacientes tratados. A grande preocupação com a efetividade do tratamento deve-se ao fato de que tratamentos irregulares, além de não curarem os doentes, podem transformá-los em casos resistentes às drogas usuais.

A tuberculose, apesar de doença grave que pode levar à morte, tem, na quimioterapia, um instrumento capaz de curá-la na quase totalidade dos casos. Atualmente, em nosso meio, podemos contar com a facilidade de acesso ao diagnóstico e aos medicamentos utilizados no tratamento. Entretanto, na prática, existe uma grave restrição - o abandono do tratamento - decorrente da não adesão dos pacientes, fenômeno cujas causas são de difícil abordagem.



A importância deste tema centra-se no fato de que, o portador de tuberculose que não adere à terapêutica, continua doente, e permanece como fonte de contágio. Além disso, a irregularidade do tratamento leva à resistência medicamentosa e à recidiva da doença, impondo dificuldades ao processo de cura e aumentando o tempo e o custo do tratamento. Diante disso, o estudo das causas que levam os pacientes a abandonar o tratamento contribuirá para a adequação dos planos terapêuticos médicos e de enfermagem.

Uma abordagem da adesão ao tratamento da tuberculose dentro do universo composto por homens e mulheres, observa-se que os homens ,em especial os mais jovens solteiros e os separados, aderem menos às recomendações médicas, pois procuram preservar seu modo de vida com festas, bebida e fumo acreditando que não possam esmorecer com dores no corpo e com doenças, muito menos, modificar alguns hábitos, durante um período de seis meses. Psicologos sugerem que essa postura se deve à importância atribuída à imagem e à posição ideológica de homens que são livres e independentes.

A tuberculose causa nos indivíduos um impacto próprio do adoecer e o peso subjetivo que a doença tem para cada um parece estar relacionado a momentos de tensão, ansiedade e medo. Psicólogos  sugerem que: A doença nos expõe como frágeis, atinge nosso jeito de ser. Alterando nossa ordem estabelecida, altera também o nosso relacionamento com outras pessoas. Mencionam ainda, sobre sentimentos dos pacientes que abandonaram o tratamento, observando a rebeldia como forma de negação às evidências da doença

Dentre os motivos de não adesão encontramos justificativas associadas ao aspecto econômico-financeiros e aos agravos associados.  Além dos motivos já mencionados, encontramos também aqueles relacionados ao estado de saúde e influência familiar.


Em relação ao abandono do tratamento relacionado à influência familiar, evidencia-se a  falta de entendimento por parte dos pacientes e seus familiares sobre a gravidade da doença e importância de seu tratamento, nesse sentido cabe ressaltar o papel esclarecedor e educativo da equipe de saúde e principalmente da enfermeira através da consulta de enfermagem.

Fontes:  
Onde estamos e aonde vamos no que toca o controle da tuberculose. Artigo - fiocruz
Bol. Pneumol. Sanit. v.12 n.1 Rio de Janeiro abr. 2004

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Aderindo à dieta!

A obesidade, atualmente, acomete pessoas no mundo inteiro, não distinguindo idade, classes sociais, sexo, por isso é classificada como uma pandemia, que necessita de uma atenção especial e de tratamento individualizado.
Para o tratamento da obesidade existem várias formas, dentre elas estão a medicamentosa, cirúrgica, dietética e a atividade física. Destas, a maior efetividade estão nos tratamentos dietoterápicos associados às atividades físicas.
A dietoterapia deve consistir em uma alimentação completa, com carboidratos complexos, ricos em fibras, proteínas, frutas, verduras, água e com pouca gordura. Essas mudanças na alimentação, que muitas vezes as pessoas não estão adaptadas, podem ser uma das causas para a não persistência ao tratamento nutricional.

Devido a isto, a verificação dos fatores que influenciam na adesão ao tratamento dietoterápico é de suma importância para os nutricionistas na avaliação periódica da evolução do paciente e principalmente para o sucesso terapêutico.
Um motivo que faz com que ocorra esse baixo segmento ao tratamento, é que o excesso de peso gera uma baixa na autoestima e um isolamento da pessoa, fazendo com que ela tenha que receber um maior apoio, seja formal ou informal, para superar suas dificuldades.
A não adesão ao tratamento está influenciada também com fatores psicossociais, relacionados com a pessoa, seu perfil socioeconômico e sua escolaridade. A baixa renda revela a aquisição de alimentos mais baratos, no entanto, mais calóricos, não havendo uma variedade de alimentos, se concentrando em carboidratos simples e alimentos gordurosos, pobres em micronutrientes e fibras.
A atividade física é uma grande aliada não só para a redução de peso, mas também está relacionada no controle de doenças coronarianas e de alterações metabólicas, estando associada no controle da ansiedade. Mesmo assim a sobrecarga de trabalho, que gera cansaço físico e mental é um dos fatores que desmotiva à prática de exercício físico.
Outro fator relacionado com a baixa adesão a mudanças nos hábitos é que alterar certos costumes considerados prazerosos, como a alimentação excessiva, o fumo, o uso de bebidas alcoólicas em excesso e o ócio, se torna frustrante para pessoas que não tem um apoio adequado.

Para saber mais sobre obesidade e outros transtornos alimentares acessem o blog http://psicologiaalimentar.blogspot.com
ADESÃO AO TRATAMENTO NUTRICIONAL DE PACIENTES ADULTOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE SANTA MARIA – RS

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Adesão ao tratamento na psicoterapia psicanalítica de crianças

Estudos recentes demonstram que 30% da população mundial apresenta alguma forma de transtorno mental e que cerca de 10 a 20% das crianças brasileiras sofrem de doenças psiquiátricas. Existe uma preocupação crescente dos profissionais da área da saúde com  a defasagem evidente percebida entre a referida necessidade e a busca por tratamento especializado. É grande o número de crianças que, depois de procurar ajuda, abandona ou não chega a iniciar o tratamento.

É alta a prevalência de desistências durante o período inicial do tratamento, e a maior parte da literatura sobre o tema se dedica à população adulta. Uma investigação metanalítica sobre interrupção da psicoterapia revisou estudos e encontrou que somente poucos envolviam amostras compostas por crianças. Desde essa revisão, o número de estudos realizados em centros comunitários de saúde mental com crianças continua escasso.
No entanto, entender o perfil da clientela que não adere à psicoterapia psicanalítica seria um primeiro passo na elaboração de medidas para tentar engajar essas crianças e seus responsáveis em psicoterapia; também auxiliaria na revisão de critérios de indicação e contraindicação para essa modalidade terapêutica, a fim de atualizar as ferramentas técnicas para a demanda atual de crianças em psicoterapia.

Investigações constataram que a fonte de encaminhamento constitui-se como fator preditivo de aderência e não aderência à psicoterapia psicanalítica de crianças. Crianças que são encaminhadas pela família correm mais risco de não aderir à psicoterapia, e as encaminhadas por psiquiatras têm mais facilidade de vinculação ao tratamento durante a fase inicial do processo psicoterápico.

No que concerne ao encaminhamento para psicoterapia, constata-se que, sendo os sintomas externalizantes o principal motivo de consulta em crianças, muitos pacientes infantis acabam sendo encaminhados à psicoterapia porque perturbam o meio em que estão inseridos (a escola, o convívio com amigos, as práticas desportivas, etc.). Na amostra deste estudo, a escola constituiu-se como maior fonte de encaminhamento para psicoterapia, percebendo, antes dos pais, a necessidade de atendimento para as crianças.

A associação entre fonte de encaminhamento e aderência à psicoterapia psicanalítica de crianças demonstra que a trajetória realizada anteriormente pelos pais em busca de atendimento para seus filhos é um fenômeno complexo e importante para a fase inicial do tratamento psicoterápico. Diferenças encontradas entre abandono e não aderência nos preditores de fonte de encaminhamento salientam que pesquisas devem ser estimuladas sobre a conduta dos pais na procura de auxílio psicológico para seus filhos, a fim de reduzir barreiras ao acesso a atendimento da saúde mental de crianças.

As variáveis associadas ao abandono do tratamento de psicoterapia são diferentes das variáveis associadas à não aderência, o que justifica a necessidade de  diferenciação desses dois fenômenos por parte de pesquisadores e clínicos em suas práticas profissionais. Na medida em que poucos estudos usam uma diferenciação conceitual entre abandono e não aderência, os resultados das pesquisas destinadas a avaliar o desfecho da psicoterapia acabam se confundindo, dificultando a generalização dos achados. Muitos dos resultados encontrados são de difícil interpretação e sua discussão não pode ser esgotada e sim estimulada para que mais e pesquisadores sigam debruçando-se sobre esse tema, a fim de melhor elucidar o fenômeno.

FONTE: – GASTAUD et al. Não aderência à psicoterapia psicanalítica de crianças. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2011;33(2)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Por que os pacientes crônicos não aderem ao tratamento? (Parte 2)

Como dissemos na postagem anterior, são diversos os fatores que levam o paciente a não aderir ao tratamento. Sendo assim, nessa postagem falaremos da não adesão devido a fatores relacionados com a doença de base e comorbidade, relacionados com o tratamento e relacionados com a pessoa doente.

“Fatores relacionados com a doença de base e comorbidade, nomeadamente a gravidade dos sintomas, a incapacidade física, psicológica, social e profissional, o grau de risco que a pessoa atribui à doença, o impacto que esta representa na sua vida (Bugalho e Carneiro, 2004) e o caráter da doença, isto é, se é uma situação de doença aguda ou crônica e se esta é sintomática ou assintomática (Giorgi, 2006). Fischer (2002), cit. por Bastos (2004), calcula que aproximadamente 80% dos doentes crônicos não demonstram uma adesão eficaz ao regime terapêutico. Outras doenças concomitantes, como a depressão ou o consumo de substâncias ilícitas ou não, também podem afetar o comportamento de adesão (Bugalho e Carneiro, 2004)]

Fatores relacionados com o tratamento em que se incluem a complexidade, a duração e a realização de alterações frequentes na medicação, a ausência imediata de melhoria dos sintomas e os efeitos secundários da medicação (Bugalho e Carneiro, 2004; Giorgi, 2006; Machado, 2009).

Fatores relacionados com a pessoa doente, destacando-se os recursos psicológicos, os conhecimentos, as atitudes, as crenças, as percepções relativas a episódios de doença, quer anteriores, quer à atual, e as expectativas da própria pessoa. Estão também incluídas a ausência de informação e o suporte para a mudança de comportamentos, a falta de capacidade, de motivação e de auto eficácia para gerir o regime terapêutico (Bugalho e Carneiro, 2004; Giorgi, 2006; Oliveira et al., 2007; Machado, 2009).”

Fonte: Dias, A. M., Cunha, M., Santos, A., Neves, A., Pinto, A., Silva, A, Castro, S. (2011).   Adesão ao regime Terapêutico na Doença Crónica: Revisão da Literatura.   Millenium, 40: 201‐219.


http://www.ipv.pt/millenium/Millenium40/14.pdf

sábado, 6 de junho de 2015

O psicólogo hospitalar e sua importância na adesão ao tratamento

Psicólogo Hospitalar é um psicólogo especialista, no qual está inserido no contexto hospitalar, atuando em instituições de saúde e utilizando-se de sua prática, promovendo melhor qualidade psíquica e comportamental de pacientes, familiares e também da equipe multidisciplinar.

De acordo com a definição do órgão que rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil (CFP), o psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde com o objetivo tratar os aspectos psicológicos frente ao adoecer, realizando atendimento psicoterapêutico, podendo ser utilizado de diversas condutas:Avaliação Psicológica de pacientes e familiares;Suporte de pacientes, familiares e também da equipe de saúde; Acolhimento; Acompanhamento terapêutico de pacientes e familiares; Evolução de Prontuário e Protocolos de Óbito e Saúde Mental.

A importância do psicologo hospitalar no tratamento do paciente crônico deve-se ao ao entrar em contato com o paciente, em especial o que precisa estar internado, em função de uma enfermidade, deve considerar que essa pessoa está vivendo um processo de perda. Pode ser transitória ou permanente.

Desse modo, o paciente enfermo naquele momento vivencia uma perda do corpo saudável, perda da capacidade de trabalho e muitas vezes perda de seus sonhos. Portanto, é necessário que o profissional de psicologia tenha um dinamismo que é peculiar a essa área, ou seja, proporcionar ao paciente, suporte para o seu sofrimento existencial e ajudá-lo no entendimento de sua condição e facilitar a adesão ao tratamento.

A adesão ao tratamento da doença crônica significa aceitar a terapêutica proposta e segui-la adequadamente. Vários fatores influenciam a adesão, tais como a característica da terapia, as peculiaridades do paciente, aspectos do relacionamento com a equipe multidisciplinar, variáveis socioeconômicas, entre outras.

Além disso, o trabalho do psicólogo junto aos outros profissionais deve ocorrer no sentido de uma participação ativa na definição de procedimentos e tratamentos a serem realizados. Para que a prática profissional do psicólogo em ambientes complexos – como é o caso do hospital, onde atuam profissionais de diferentes formações e especialidades – seja bem-sucedida, é imprescindível que o relacionamento entre os membros da equipe seja caracterizado por um diálogo cooperativo e aberto, no qual haja objetividade e clareza na proposição e justificativas de procedimentos técnicos relativos a cada especialidade.

Fonte: ANGERAMI-CAMON, Valdemar A. et al. O imaginário e o adoecer: um esboço de pequenas grandes dúvidas. In: ______. E a psicologia entrou no hospital. São Paulo: Pioneira, 2003

sexta-feira, 5 de junho de 2015

As dificuldades da adesão ao tratamento clínico nos pacientes com transtorno de personalidade borderline

A adesão ao tratamento torna-se uma questão mais complexa quando se entra no campo dos transtornos de personalidade, em particular do paciente borderline. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais caracteriza o transtorno de personalidade borderline como um padrão global de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, da auto-imagem e dos afetos, e acentuada impulsividade que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. 


Stone, em um estudo de revisão sobre tratamentos psicológicos, salienta a existência de três linhas psicoterapêuticas maiores para o manejo do transtorno de personalidade borderline: psicodinâmica, cognitivo-comportamental e suportiva. O autor observa que todas elas, apesar de diferirem em suas características específicas, buscam melhorar os sintomas e as dificuldades desses pacientes. Reconhece que os terapeutas devem lidar com seis problemas sérios no início do processo: suicídio e auto-multilações, ameaças de interrupção precoce do tratamento, depressão, abuso de substâncias, manifestações de ansiedade e pânico, e dissociação. Também refere outras questões que surgem depois de superados esses problemas: raiva injustificada, mordacidade, manipulação, reivindicações, ciúmes, pensamento do tipo tudo ou nada, atitudes extremas como idealização e traços masoquistas.

Numa pesquisa feita, foi concluído que os comportamentos de não-adesão envolvem não somente o abandono propriamente dito do tratamento, mas também os ataques ao vínculo, os ataques à melhora e a agressividade voltada à equipe e à instituição. O comportamento impulsivo, comum praticamente a todos os pacientes, tem duas possibilidades de controle: internamente, por meio de mecanismos de defesa como repressão, supressão, reação formativa e estratégias cognitivas como abstenção; externamente, por meio do controle ambiental. Alguns clínicos buscam somente o controle interno, baseados na premissa de que o controle verdadeiro é o autocontrole. Entretanto, enquanto os pacientes não desenvolverem condições de controle interno, o externo se torna necessário, seja por meio de medicações ou estratégias sociais. Dois tipos significativos de estratégias são encontrados na literatura: as intervenções familiares, sendo importante a identificação do papel das relações familiares na patogênese e manutenção da sintomatologia do paciente; e a construção de uma rede social de apoio através de interventor social. Muitas vezes a família não está disponível e um interventor social não faz tanto efeitos, pois muitos pacientes não toleram a presença de outras pessoas em seus espaços, conversando com familiares, colegas e amigos.

A dissociação afetiva presente em alguns pacientes, os impedem de terem crítica sobre a gravidade de sua condição e de sua necessidade de tratamento. Além de impedir a adesão, pode facilitar as tentativas de suicídio. Os pacientes podem também competir com o terapeuta de modo que um sucesso por parte do terapeuta pode ser sentido como uma derrota para eles. Desta forma, não se estabelece uma verdadeira aliança terapêutica, a equipe fica sem condições de ajudar este paciente, o que constitui uma ameaça ao tratamento. Um dos aspectos importantes, mas desconsiderado nos critérios para transtorno de personalidade borderline, é a tendência à regressão. O que leva o paciente a não aderir ao tratamento quando frustrado na satisfação de seus desejos.

O paciente borderline deve ter condições de aprender que sua mente não espelha concretamente o mundo, mas antes representa e interpreta o mundo, capacidade de “mentalizar” que garante um sentido estável ao self. Quando essa capacidade está comprometida, a relação terapêutica fica marcada por repetições de ruptura de tratamentos.